sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


OS SERVIÇOS DE APOIO ÀS TROPAS NO ESTADO E EM SANTO AMARO

Durante todo o período de duração da Revolução, foram organizados serviços civis, voluntários, de apoio às tropas que se encontravam no front. Em especial, foram as mulheres paulistas que organizaram a maior parte desses serviços, após verem filhos, irmãos, pais, cunhados partirem para a guerra em todas as frentes de combate pelo Estado.

Sabe-se que aproximadamente 72.000 mulheres trabalharam como voluntárias somente nas oficinas de costura que produziram em vinte dias 60.000 fardamentos. Até o final de setembro de 32, às vésperas do fim dos combates, essas mulheres haviam confeccionado mais de 450.000 fardamentos (lembrando que por São Paulo não lutaram mais do que 30.000 soldados).

A Cruz Vermelha ministrava cursos rápidos de enfermagem à moças solteiras e senhoras viúvas que iam atender aos feridos em hospitais de campanha, muito próximos de onde se travavam os combates.

Vários municípios paulistas ganharam Casas do Soldado, onde combatentes em licença eram alimentados, fardados, recebiam atendimento médico não emergencial e tinham a disposição uma cama para dormir depois de muitas vezes passar dias dormindo dentro das trincheiras.

As mulheres organizaram ainda grupos assistenciais que davam suporte às famílias dos soldados combatentes em todas as suas necessidades (entre eles a "Cruzada Pró Infância"). Participaram ainda as mulheres paulistas na preparação de alimentos que eram distribuídos nas linhas de frente e na famosa campanha do "Ouro Para o Bem de São Paulo".

Os serviços de apoio conduzidos por mulheres foram capazes de unir nas mesmas oficinas de costura, nas mesmas cozinhas industriais, nas mesmas salas de aula, damas da alta sociedade e mulheres provenientes das classes sociais mais baixas.

Em Santo Amaro não foi diferente. Senhoras das principais famílias do município unidas a outras não tão abastadas uniram-se e criaram a "Cruzada Feminina de Santo Amaro". Apoiadas pelas autoridades locais, esforçaram-se em prestar toda a assistência necessária à população e principalmente às famílias daqueles que haviam partido para a luta. Foi escolhido para ser sede da Cruzada o Grupo Escolar de Santo Amaro onde, em agosto de 1932, não se iniciou o segundo semestre letivo, ficando suspensas as aulas até o final do conflito.

O Grupo Escolar de Santo Amaro havia sido fundado em 12 de novembro de 1910 e contava no ano letivo de 1931 com 756 alunos, distribuídos em 4 turnos e 19 classes e era dirigido pelo Prof. Rodrigo Rodrigues Rosa.

Ficava localizado ao lado do prédio da Prefeitura Municipal na Praça Floriano Peixoto. Foi demolido na década de 60 durante obras de revitalização da praça.



Grupo Escolar de Santo Amaro na década de 30

Em 7 de setembro de 1932 passou a funcionar também no Grupo Escolar o "Posto de Preparação Militar" responsável por alojar e ministrar instrução a soldados voluntários que ainda se juntariam à CIESA até o término do conflito. O posto tinha como instrutor o 2º Sargento da Força Pública Oscar Àvila.  

Outros serviços de apoio foram criados em Santo Amaro tais como: a construção de uma pista de pouso de emergência para a aviação constitucionalista (em 29 de julho) e a criação de um serviço municipal de abastecimento das tropas em combate (em 22 de agosto).


Bibliografia

DONATO, Hernani. A Revolução de 32, Abril S.A Cultural e Industrial, 1982;

GUERRA, Juvencio; GUERRA, Jurandyr. Almanack Comemorativo do 1º Centenário do Município de Santo Amaro. São Paulo: Graphico Rossolillo, 1932;

CALDEIRA, JOÃO NETTO. Álbum de Santo Amaro: A história dos Santamarenses, Bentivenga e Netto, 1935